NOTÍCIAS
08 DE NOVEMBRO DE 2021
Folha de S.Paulo – Artigo: Ter um nome é saber que ele será esculhambado ao longo de toda a sua vida – Por Bia Braune
Além da certeza que morreremos, inescapável é a sina de escreverem seu nome errado
“Nome completo?”, pergunta a moça com a ficha do crediário. O farmacêutico com o remédio. A senhorinha com o cartão da biblioteca. O entregador com a caixa do Mercado Livre. Sempre olhos diferentes me encarando, à espera da resposta. Enquanto eu, calma por fora mas com vontade de erguer os braços e gritar POR QUÊ, MEU DEUS???, toda vez respondo com outra pergunta. “Quer que soletre?”
Ao longo da vida, aprendi o seguinte: quem tem um nome há de vê-lo esculhambado. E, antes que prossigamos, preciso expor meu caso. Sim, havia opções simples. Maria. Renata. Fernanda. No entanto, mamãe decidiu ousar. “Que tal Beatrice?” E assim ficou decidido, para meu desassossego. Desde que nasci, posto que a enfermeira disse “Beatrize”. Uma tia meio surda entendeu “Berenice”. E o escrivão quase registrou “Bruna Louise”. Restou-me, então, ser Bia. “O quê? Lia? Mia? Maria Pia?”
Verdade seja dita, a culpa maior foi do meu pai. Enquanto “Tácito”, ele não podia ter aprontado essa comigo. Uma vida inteira sendo chamado de Tarso, Epitácio, Tarcísio, Eustáquio, Anastácio. Exausto, passou a pedir que se referissem a ele pelo sobrenome. “Guarda na memória: é SANTIAGO, que nem a capital.”.E virou logo “Seu Assunção”.
Nos tempos do Orkut —assim batizado por causa do turco que criou a rede social—, fui buscar consolo, mas também oferecer apoio a gente inominável como eu. Criei a comunidade Ninguém Escreve Meu Nome Certo, achando que seria um espaço de acolhimento para Wellingtons, Catherines, Kizzys, Warllens, Tiellys, Narjaras e Christovans. Nisso, milhares de Nikolas, Daianas, Tarcianas e Gutenbergs se chegaram. E, quando a lotação já passava dos milhões, uma surpresa: tinha até João. “Acham que só vocês têm problema? Eu não sou José!”
Não adianta falar devagar, com toda a paciência do mundo. Ou mostrar certidão de nascimento autenticada. Ainda que seja num recado escrito com batom em espelho de motel, alguém sempre vai errar.
Tatianes serão Tatianas. Leandros e Leonardos viverão unidos, numa dupla confusão. “Marcela com um único L? Como ousa?” “Gabryela sem Y? Tá maluca.” “É Diego ou Diogo? Se decide aí, mermão.” Nem o cantor Prince teve paz. Quando virou apenas um símbolo, o botavam de cabeça para baixo.
Enfim, são pequenas tragédias diárias. Shakespearianas, eu diria. Como no famoso diálogo entre os amantes de Verona. “Romeu, rejeita teu nome.” E facilita nossa vida. Ou é Cauã ou é Enzo.
*Bia Braune, jornalista e roteirista, é autora do livro “Almanaque da TV”. Escreve para a Rede Globo.
Fonte: Folha de S.Paulo
Outras Notícias
Anoreg RS
12 DE NOVEMBRO DE 2021
Anoreg/RS publica edital de convocação para Assembleia Geral Ordinária no dia 15 de dezembro
Evento acontece nas dependências da sala de reuniões da Casa do Registrador Gaúcho, com primeira convocação às...
Anoreg RS
12 DE NOVEMBRO DE 2021
Anoreg/RS entrevista coordenadora da Coordenadoria Estadual da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar do TJRS
Magistrada Taís Culau de Barros falou sobre a campanha nacional Sinal Vermelho contra a Violência Doméstica.
Anoreg RS
12 DE NOVEMBRO DE 2021
Provimento nº 039/2021 – CGJ-RS revoga disposto no artigo 798 da CNNR
Clique aqui e confira na íntegra.
Anoreg RS
12 DE NOVEMBRO DE 2021
“Se os cartórios fossem empresas, poderiam até fazer um slogan: “o que já era bom, ficou ainda melhor”
A aplicação da Lei Geral de Proteção de Dados na prática nos cartórios: o que muda na prática para tabeliães...
Anoreg RS
12 DE NOVEMBRO DE 2021
STJ – É possível a inclusão de cotas condominiais vincendas em execução de título extrajudicial
Segundo o magistrado, em se tratando de obrigações de trato sucessivo, entende-se que a inclusão de prestações...