NOTÍCIAS
27 DE ABRIL DE 2023
Mendonça suspende processos de compra de imóvel rural por estrangeiro
Ministro considerou pedido da OAB que apresenta cenário de insegurança jurídica.
O ministro André Mendonça, do STF, suspendeu todos os processos em trâmite que versem sobre a validade do art. 1º, § 1º, da lei 5.709/71. O dispositivo estabelece que o estrangeiro residente no país e a pessoa jurídica estrangeira autorizada a funcionar no Brasil só poderão adquirir imóvel rural na forma prevista na lei.
O estrangeiro fica, porém, sujeito ao regime estabelecido pela norma a pessoa jurídica brasileira da qual participem, a qualquer título, pessoas estrangeiras físicas ou jurídicas que tenham a maioria do seu capital social e residam ou tenham sede no exterior.
O CFOAB pediu a habilitação no feito como amicus curiae, ao fundamento de que o objeto destas ações se vincula com a defesa da ordem constitucional e com a soberania nacional. Pediu, ainda, a suspensão de todos os processos e negócios jurídicos que tenham como objeto a aplicação do art. 1º, § 1º, da lei 5.709/71.
O dispositivo estabelece que o estrangeiro residente no país e a pessoa jurídica estrangeira autorizada a funcionar no Brasil só poderão adquirir imóvel rural na forma prevista na lei, ficando, porém, sujeita ao regime estabelecido pela norma a pessoa jurídica brasileira da qual participem, a qualquer título, pessoas estrangeiras físicas ou jurídicas que tenham a maioria do seu capital social e residam ou tenham sede no exterior.
Histórico
Em setembro de 2012, o Órgão Especial do TJ/SP, em julgamento de um mandado de segurança, assentou a não recepção do dispositivo pela Constituição Federal.
Posteriormente, o corregedor-Geral de Justiça do Estado editou parecer dispensando “os tabeliães e oficiais de registro de observarem as restrições e as determinações impostas pela lei 5.709/71 e pelo Decreto 74.965/74, bem como do cadastramento do Portal Extrajudicial, em relação às pessoas jurídicas brasileiras cuja maioria do capital social se encontre em poder de estrangeiros residentes fora do Brasil ou de pessoas jurídicas com sede no exterior”.
Na ação, a União e o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) alegam a existência de conflito federativo, uma vez que teria sido usurpada a competência federal e presente risco à soberania nacional.
Sustentam caber à União a autorização destinada a viabilizar a aquisição de imóveis rurais por pessoa natural ou jurídica estrangeira, além da jurídica brasileira da qual participem, a qualquer título, pessoas naturais ou jurídicas que possuam a maioria do capital social e residam ou tenham sede no exterior.
Em 2016, o ministro Marco Aurélio, então relator, concedeu liminar para suspender os efeitos de parecer da Corregedoria-Geral da Justiça de SP, no qual se dispensou os tabeliães e oficiais de registro do Estado de observarem o art. 1º, § 1º, da lei 5.709/71.
Em 2021, o caso foi pautado em plenário virtual. Na ocasião, Marco Aurélio votou para assentar a nulidade do parecer paulista e considerou que a aquisição indiscriminada de imóveis rurais por estrangeiros poderia acarretar violação da independência do país.
Na sequência, o ministro Alexandre de Moraes pediu vista dos autos, devolvendo-os com voto pela improcedência do pedido formulado. Após o ministro Nunes Marques acompanhar o relator, pediu destaque o ministro Gilmar Mendes. O feito encontra-se aguardando inclusão na pauta do plenário.
Sucessor
Com o entendimento da Corte de que os votos já depositados no ambiente virtual – inclusive por ministro aposentado – serão mantidos, quando o julgamento for levado ao plenário físico, o ministro André Mendonça não participará da votação, salvo para apreciar eventual questão superveniente, uma vez que o ministro Marco Aurélio, que o antecedeu, já o fez.
Contudo, André Mendonça analisou o pedido do CFOAB, pois em se tratando de questão trazida supervenientemente ao voto exarado, a atribuição para examinar o pedido acautelatório incidental, formulado com base em alegado fato novo e em caráter de urgência, recai, a priori, sobre o sucessor da cadeira.
Suspensão dos processos
Assim, ao analisar o pedido, considerou as alegações do Conselho Federal da OAB que indicaram cenário de grave insegurança jurídica, e decidiu que seria impositivo conhecer do pedido de suspensão nacional dos processos.
Para o ministro, a simples verificação de haver dois votos contendo sólidos fundamentos jurídicos, os quais, contudo, direcionam para resultados totalmente distintos, “já me parece ser claro indicativo do quadro de insegurança jurídica que paira sobre a matéria”.
“Dessa forma, presente cenário de insegurança jurídica, afigura-se impositiva, sob a minha óptica, a suspensão nacional dos processos judiciais que versem sobre a recepção ou não do dispositivo impugnado na ADPF nº 342/DF, até que o Supremo Tribunal Federal se pronuncie, pelo seu colegiado maior, de maneira definitiva sobre a questão.”
Diante disso, admitiu o ingresso do CFOAB como amicus curiae e determinou a suspensão de todos os processos judiciais em trâmite no território nacional, que versem sobre a validade do § 1º do art. 1º da lei 5.709/71, até o julgamento final.
Processo: ACO 2.463
Fonte: Migalhas
Outras Notícias
Anoreg RS
05 DE JUNHO DE 2023
Revista de Direito Imobiliário inicia chamada de artigos para edição do 2º semestre de 2023
Os trabalhos poderão ser enviados até o dia 30 de julho de 2023.
Anoreg RS
05 DE JUNHO DE 2023
Artigo – A herança digital e o direito sucessório: nuances da destinação patrimonial digital
Clique aqui e veja a íntegra do artigo.
Anoreg RS
05 DE JUNHO DE 2023
Seminário do STJ sobre cidadania plural vai discutir identidade de gênero, protagonismo judicial e direitos humanos
No mesmo dia, será lançado o livro Translúcida, organizado pelo ministro Sebastião Reis Junior e dedicado, em...
Anoreg RS
05 DE JUNHO DE 2023
Artigo – A exceção indevida: a aplicação do art. 185 do Código Tributário Nacional em desfavor do sistema registral brasileiro e a vulneração do interesse público primário – por Lorruane Matuszewski
A lei 13.097/2015 disciplinou expressamente as exceções à aplicação do rol de inoponibilidades previstas nos...
Anoreg RS
05 DE JUNHO DE 2023
Correio do Povo – Atos Notariais Eletrônicos têm aumento de 112% em 2023
Transações de imóveis, divórcios, testamentos, procurações e até reconhecimento de firmas podem ser feitas de...